quarta-feira, 15 de abril de 2009

Dengue: o testemunho da ineficiência

Li a opinião do Dr. Antonio Carlos Lopes, que é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica ,"Dengue: o testemunho da ineficiência" que fala da nossa realidade brasileira frente a epidemias (Dengue, Leishmaniose) que se alastram pelo Brasil afora infectando e fazendo muitas vitimas fatais. O Dr. Antonio questiona também a falta de orientação, de campanha adequada de orientação, quanto ao uso indiscriminado de medicamentos (alguns são usado como se fossem "vacina contra dengue") e podem causar, somados à dengue, danos irreversíveis ao organismo...

04/02/2009 Opinião do Leitor Dengue: o testemunho da ineficiência
* Antonio Carlos Lopes



"Febre alta, dor de cabeça e muitas dores pelo corpo, especialmente atrás dos olhos, sensação de intenso cansaço, falta de apetite, náuseas e vômitos podem sugerir uma série de doenças. A hipótese da dengue deve ser aventada logo de início.
Esta doença viral é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti previamente infectado. Não há vacina nem outra forma de prevenção a não ser a eliminação do mosquito.Sem ele, a doença não pode ser transmitida, pois não é contagiosa e não passa de uma pessoa para a outra. Eliminar o mosquito é muito simples e rápido. Basta o indivíduo cuidar de seu ambiente, de sua casa e de seu local de trabalho.
Lamentavelmente, no Brasil, não há campanha adequada nem orientação suficiente à população. O que se vê ainda é o descaso do governo em relação à dengue.Só quando ganha proporção de epidemia é que algumas autoridades resolvem encará-la com a responsabilidade devida. Foi o que aconteceu em 2008; apenas no Rio de Janeiro, foram notificados milhares de casos. E o que é pior: o Ministério da Saúde demorou a agir e somente ao ver o caos tomar conta da cidade montou um gabinete de crise para combater um mal que poderia ter evitado com remédios simples: prevenção e responsabilidade.
Outro dado alarmante de 2008: na Bahia, por exemplo, o crescimento em foi de 162% nos casos, que ocasionaram 14 mortes. Nas vistorias das equipes de saúde, foi constatado que cerca de 80% dos criadouros estão em ambientes domiciliares. Destes, quase 45% dos recipientes com larvas do mosquito eram caixas d’água e reservatórios, e cerca de 30% foram encontrados em vasos, pratos ou outros recipientes para plantas.Infelizmente 2009 já começou com sinais que a dengue novamente será manchete em todo o país.
No norte do Paraná já é investigada a primeira morte com suspeita de dengue hemorrágica.Mas os governantes, que enxergam a saúde pública bem longe da realidade dos cidadãos, através das janelas de seus luxuosos gabinetes, não se dão conta de que a dengue é um grave problema, que deve permanecer em pauta o ano inteiro.Seus riscos são tão importantes que o trabalho de conscientização deve acontecer nas quatro estações do ano; e não apenas quando as chuvas já chegaram e os quintais estão cheios de pneus, garrafas, caixas e outros focos do mosquito.
Trata-se de um problema muito grave e todos devem permanecer vigilantes para evitar novas epidemias. Por este motivo, enquanto campanhas públicas e sérias não vêm, imprensa, médicos e pessoas realmente sérias têm de ajudar alertando a população a colaborar para a erradicação do problema.
Fique atento aos possíveis focos. Em caso de suspeita da doença, procure imediatamente a unidade de saúde mais próxima para uma avaliação médica. Atenção: não tome qualquer medicamento se suspeitar de dengue. Além da forma clássica, que é o tipo menos grave da doença e exige apenas hidratação e repouso absoluto, há também a dengue hemorrágica, menos comum, mas altamente fatal.
Se este for o seu caso, diversos analgésicos, vendidos sem prescrição em farmácias, podem agravar a doença muito rapidamente, levando à morte se não diagnosticada e tratada imediatamente".
Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica



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