terça-feira, 29 de dezembro de 2009

LEISHMANIOSE: INEFICÁCIA DAS AÇÕES AGRAVA AINDA MAIS O PROBLEMA

O relatório da OPS/OMS (2005) que afirma às pág. 108: "a eliminação de reservatórios e controle de vetores não têm sido efetivos em limitar a expansão da doença”. Este fato fica comprovado, basta analisar o elevado número de infectados, tanto humanos como animais e, neste caso, os números de cães eutanasiados...


Também na pág. 114, cita-se: "intervenções de saúde pública visando è redução do número de cães infectados não apresentam resultados REAIS, pois os insetos não são eliminados. As ações desenvolvidas utilizam um produto de AÇÃO REPELENTE e não inseticida isto é, não elimina o vetor, apenas espanta temporariamente.

OPS/OMS (2005): "Há mais de 40 anos a saúde pública brasileira busca erradicar a leishmaniose visceral por métodos que merecem no mínimo serem revistos, já que o problema só aumenta".Minha opinião é de que a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE deve determinar mudanças urgentes no controle vetorial atual, comprovadamente ineficiente.

A eliminação indiscriminada de cães com solução do problema: O Manual do Ministério da Saúde afirma na pág.29, que "se o proprietário quiser contraprova, esta deverá ser sorológica". O referido Manual também cita na pág. 27 que o "diagnóstico parasitológico é o de certeza, mas os métodos são invasivos e causam risco à saúde do animal e são impraticáveis em saúde pública". ‘Causam riscos à saúde do animal’. Como assim? E matar então se torna a melhor solução???

Ora, se os órgãos de saúde pública não têm condições, equipamentos, verbas e mão de obra especializada para o diagnóstico deste nível, eles têm o direito de tirar a vida do cão? A falta de lógica e coerência do atual programa reflete-se no aumento da doença canina e humana.

Falta lógica e sobra irresponsabilidade

A contradição é tão patente que, na pág.41 do Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral, cita-se como objetivo "dar condições para a realização de diagnóstico e adoção de medidas preventivas de controle e destino adequado do reservatório canino". Este objetivo não é cumprido, pois não há condições para diagnóstico mais apropriado para a população canina. Na mesma página, (41 do Manual) explicita-se objetivo de "diminuir riscos de transmissão mediante controle da população de reservatórios e do agente transmissor".

Controle da população de reservatórios

Traduzindo: eliminar todo e qualquer cão doente ou suspeito. Não se esquecer de matar pequenos animais das matas (marsupiais). Quando terminar com estes elimina-se pessoas infectadas? (são reservatórios também)...

Controle do agente transmissor

Em áreas endêmicas de leishmaniose visceral urbana, seria lógico que, além de medidas agressivas de controle do vetor (o mais importante): ELIMINAR OS VETORES!!!

O relatório da OPS/OMS, mostra na pág.96: "a despeito das inúmeras informações acumuladas, carece ainda de estudos a respeito da determinação de fatores ambientais, humanos, sociais, econômicos entre outros, que possam ter influência na instalação e na propagação da LV nas áreas periurbanas e urbanas dos municípios, uma vez tratar-se de uma doença típica do meio rural, mas que está se urbanizando e expandindo territorialmente".

Percebe-se nas ações desenvolvidas, que servem apenas para atender necessidade política e interesse de poucos grupos. Fazer de conta que está sendo feito alguma coisa para solucionar o problema!

O que é NECESSÁRIO E URGENTE: Desenvolver políticas de intervenção que contemplem estratégias de controle integrado e não só centradas na eutanásia de cães infectados.

O Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral do Ministério da Saúde cita na pág.64: "os defensivos químicos para combater os insetos transmissores de doenças são considerados insumos estratégicos e o seu fornecimento para os estados e municípios está garantido pelo Ministério da Saúde, conforme determinado na Portaria nº 1.399, de 25 de dezembro de 1999".

"Nos municípios de transmissão esporádica, as ações referentes ao vetor estão restritas ao conhecimento da espécie e à dispersão da população flebotomínica no município, que orientará a delimitação da área para a realização do inquérito canino. “Cabe salientar, que nenhuma ação de controle químico deverá ser realizada”, esta é uma das determinações contidas no Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral do Ministério da Saúde! Absurdo!

O controle químico não sendo a realizado em áreas de transmissão esporádica (eventuais) leva a expansão da população de mosquito e o aumento de cães e pessoas infectadas.

A desinformação provoca o abandono de cães

Muita gente ainda acredita que a leishmaniose pode ser transmitida pela saliva do cão ou por contato direto com o mesmo. Tal desinformação leva a um abandono cada vez maior de cães em vias públicas, o que agrava ainda mais a questão desta zoonose.

Como as pessoas desconhecem, na grande maioria não tem informações corretas sobre o mosquito vetor, não sabem como combatê-lo. O controle químico realizado pelos órgãos de saúde pública é deficiente, inconsistente e falho em sua freqüência por questões financeiras, inseticidas inadequados são utilizados “por questões de economia”, economia esta que custa muito mais caro, pois um paciente infectado vai precisar de muito tempo de internação, tratamento e carregará seqüelas por toda vida.

Garantir a preservação da vida, de humanos e animais

A portaria do Ministério da Saúde não respeita a importância que o cão tem para a família, que entrega chorando seu animalzinho de estimação, mente para as crianças tentando diminuir o sofrimento da perda, ainda por cima é tratado como se fosse CULPADO pelo cão estar com Leishmaniose, esta transferência de responsabilidade é terrível, pelo poder público e as chamadas autoridades sanitárias!

O abuso cometido contra o médico veterinário tirando-lhe o direito de exercer a profissão que é tratar, curar os animais, garantir condições de saúde.

O que temos hoje é um programa confirmadamente ineficiente no controle de leishmaniose visceral, sacrifício inútil de milhares de cães e uma população humana sob risco da doença, com um grande número de infectados e muitos óbitos!

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