domingo, 23 de março de 2008

DENGUE: Seqüenciais epidemias

*Bia Lopes




E tempo das chuvas e o aumento de casos de dengue será, como sempre, explosivo. Veja o Rio de Janeiro, por exemplo.
Milhares de pessoas serão infectados ou reinfectadas, superlotando postos de saúde, emergências hospitalares, aumentando o caos da Saúde Pública, fragilizada e sem estrutura.
Novamente veremos autoridades sanitárias explicando o inexplicável, justificando o que não tem justificativa: Culpar a população pela dengue é justificar o descaso, a omissão. Análise de dados recentes aponta que, a cada ano, o aumento progressivo de casos é muito grande bem como as complicações causadas pelas seqüenciais infecções que evoluem quase sempre com mau prognóstico.
O assustador é que estamos convivendo com a dengue há mais de 20 anos e quem pesquisa sabe: a solução existe. É necessária uma medida drástica: Acabar com o mosquito! Parece brincadeira de criança, mas aquela velha pergunta ainda é valida: “quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha”? Bem, se você fritar o ovo e comer, a galinha põe outro ovo, mas se você fritar a galinha... É simples assim. Mas a política precisa da dengue. Não pode eliminar o mosquito de ovos de ouro, ele rende bilhões anualmente, elege de vereadores a presidente da república, se assim não fosse por que, por exemplo, um vereador iria, pessoalmente levar o currículo do candidato a vaga de agente da dengue? É um clássico caso de QI (Quem Indicou), aliás, se a seleção para este trabalho fosse por competência, conhecimento, a redução de insetos vetores poderia ocorrer sim, mas acontece que, quem coordena as ações nesta área parece não distinguir a diferença entre uma zebra e uma fêmea de Aedes aegypti: enfim, ambos possuem listras pelo corpo...
O retorno deste e de outros vetores trouxeram de volta várias doenças, algumas destas já haviam sido erradicadas há muitos anos, dengue, parasitoses, filariose, malária,leishemaniose (visceral e a cutânea) entre outras patologias.

O Ministério da Saúde, juntamente com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) precisa rever seus conceitos e atacar estes vetores com vontade, eliminando assim tantos problemas graves causados pela emergência deste vetores.E quando digo atacar é exatamente isto que quero dizer. Mudam ministros da saúde, mudam nomes de ações de controle, mas não fazem o que deve ser efetivamente feito: eliminar o vetor! Realizam grandes congressos (normalmente em cidades turísticas), se discute novas estratégias esquecendo que estrategista é o mosquito, a prova disto é que, nesta guerra ele é o vencedor.
A continuar do mesmo modo, sem efetivas ações, o problema só irá aumentar. E é preocupante perceber tanto descaso com a saúde da população.
Quase todas as pessoas já tiveram dengues, (uma, duas ou três vezes). Uns nem sabem que foi dengue, pois a informação médica é, muitas vezes de que se trata de “uma virose”...
Um artigo publicado na Folha da Tarde de Cuiabá, MT., no dia 12/09/2007 aponta um aumento de notificações de dengue na faixa etária entre um a oito anos de idade, o que é um dado realmente preocupante, pois uma criança de 05 anos de idade pode estar passando por uma segunda infecção pelo vírus da dengue, sendo que a primeira pode ter sido ainda no útero, durante uma dengue sofrida pela mãe gestante. A primeira dengue já é um evento bastante sério, pois atinge órgãos vitais que ficarão com seqüelas.
O que acontece no sistema imunológico: durante a primeira infecção, as alterações que ocorrem em seqüenciais infecções, devido ao registro de outras dengues sofridas anteriormente, e quando o sistema imunológico é acionado pela nova infecção reage rapidamente contra o antígeno invasor e contra o próprio sistema de defesa, devido a este registro, as reações na presença repetida do vírus são extremamente ativas e fortes, provocando hemorragias ou extravasamento do sangue nos capilares sanguíneos evoluindo na maioria das vezes para um quadro de risco, pois no local onde ocorre a entrada do vírus os anticorpos reagem contra o antígeno invasor e, no caso de segunda ou terceira dengue os anticorpos apresentam reação mais violenta daí então a súbita elevação de temperatura (febre) durante a replicação viral. Todos os órgãos do corpo humano são ricamente vascularizados: fígado, pulmão, rins, coração, cérebro, sistema digestório e, no caso de dengue com evolução hemorrágica, seja devido a uma infecção anterior, ou seja, devido ao uso indevido de medicamentos que alterem a coagulação como o Ácido Acetil Salicílico ou similares, haverá a ocorrência de princípio hemorrágico de importância médica, podendo evoluir para um quadro bastante grave.

As manifestações clinicas da dengue afetam órgãos vitais como o cérebro, fígado, coração, rins e pulmão.
Dor no corpo, “febre quebra-osso” já citada acima por ser um dos nomes que a patologia recebeu, dor nas articulações é a replicação viral ocorrendo dentro das estruturas ósseas, que são ricamente vascularizadas para permitir a nutrição dos ossos.5

NO CÉREBRO

Edema cerebral, hemorragia cerebral, anóxia cerebral, hemorragia microcapilar, a infecção do sistema nervoso central (SNC) devido a dengue é teoria defendida por Halstead, alguns distúrbios pós-dengue, são relatados: epilepsia, tremores, amnésia, demência, psicose maníaca, paralisia de Bell, envolvimento de laringe, paralisia de extremidades inferiores, de palato, de nervo ulnar, de nervo torácico longo, de nervo peroneal, síndrome de Reye, síndrome de Guillain-Barré, meningoencefalomielite e mono neuropatias. Os sinais e sintomas neurológicos clássicos associados à fase aguda do dengue são: cefaléia, convulsão, delírio, insônia, inquietação, irritabilidade e depressão3. A estes podem estar associados meningismo discreto sem alteração da consciência ou deficiência neurológica focal, depressão sensorial, convulsões e desordens comportamentais3, além de sinais de comprometimento piramidal e meníngeo.
NO FÍGADO E OUTROS ORGÃOS
Falência hepática fulminante, devido ao órgão sofrer, além da agressão pelo vírus, a “agressão medicamentosa”, isto é, o uso indiscriminado do paracetamol, com dosagens e intervalos errados pode causar danos irreversíveis ao fígado.
No sistema renal os danos causados, no conjunto formado pela multiplicação do vírus da dengue e a utilização de forma errônea do paracetamol, pode levar a paralisação do órgão. O pulmão pode ser fatalmente atingido pela replicação do vírus em seus capilares (vasos sanguíneos).

A DENGUE, PARACETAMOL e AAS

Entre os riscos à saúde provocados pela dengue está a venda e o uso indiscriminado do paracetamol (tyllenol), Conforme alerta o Dr. Anthony Wong, do Centro de Assistência Toxicológica-CEATOX, o paracetamol, principio ativo de vários medicamentos não é inofensivo. Segundo ele, é comum os pais abusarem na dosagem do medicamento na tentativa de diminuir a febre do filho doente. Quando um medicamento é prescrito pelo médico para ser tomado de 08 em 08 horas isto certamente deverá ser obedecido!
O paracetamol pode causar graves lesões no fígado (falência hepática, destruição total do fígado), e no caso da DENGUE, que o fígado já é bastante agredido pela doença e somado ao uso errado do medicamento o paciente poderá ter o quadro agravado e até mesmo morrer.
O dr Anthony esclarece também que para baixar febres elevadas (acima de 39,5 graus), o uso da dipirona é mais indicado, pois seu efeito pode durar por mais de seis horas.
Várias pessoas costumam tomar “para não ter dengue” devido a desinformação, pensam que o paracetamol funciona como uma vacina!Neste caso, o risco é maior, pois o fígado, já agredido pelo medicamento e se a pessoa for infectada pelo vírus da dengue o problema torna-se bastante grave.
Quanto ao AAS ele não deve ser usado pois causa desagregação plaquetária, provocando hemorragias e, importante saber: Este princípio ativo está presente em muitos medicamentos que não podem ser usados no caso de DENGUE pois poderão provocar sangramentos e hemorragias.

OS SINTOMAS SÃO SEMELHANTES A OUTRAS PATOLOGIAS VIRAIS

FEBRE REPENTINA E INTENSA Cefaléia? Pode ser DENGUE, que pode apresentar vários outros sintomas também. Não tome medicamentos, procure atendimento médico. E exija os exames (sorologias)! Demora o resultado? Não tem importância, importa VOCÊ saber se foi dengue ou não.



Beatriz Antonieta Lopes
Bióloga especialista em Entomologia Médica

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