*Bia Lopes
VIRUS DA DENGUE:O vírus da dengue, do tipo Flavivírus, de peso molecular de 11 kb, é encapsulado, isto é, envolvido por uma estrutura de açúcares e proteínas com pequenas projeções na camada de lipídios. Apesar da simetria do vírus este possui grande complexidade e alguns componentes ainda tem atuação desconhecida.1
Não de trata de um novo tipo de vírus ou de dengue, e sim mais um dos nomes criados ao longo do tempos, para esta patologia, eis alguns nomes que esta doença de origem viral já recebeu no mundo:
“Urucubaca”, “polca” “febre reumatiforme” “febre amarela” ou “dengue” “veneno da água”, “febre quebra-osso” “ki dinga pepo”,”febre dos cinco dias”, “dandy fewer”,”dunga”, em carta datada de 12 de junho de 1.801, a Rainha da Espanha, relata: “eu estava doente com uma doença chamada DENGUE e ontem tive hemorragia”3
O que acontece no sistema imunológico durante a primeira infecção, as alterações que ocorrem em seqüenciais infecções, devido ao registro de outras dengues sofridas anteriormente, e quando o sistema imunológico é acionado pela nova infecção reage rapidamente contra o antígeno invasor e contra o próprio sistema de defesa, devido a este registro, as reações na presença repetida do vírus são extremamente ativas e fortes, provocando hemorragias ou extravasamento do sangue nos capilares sanguíneos evoluindo na maioria das vezes para um quadro de risco, pois no local onde ocorre a entrada do vírus os anticorpos reagem contra o antígeno invasor e, no caso de segunda ou terceira dengue os anticorpos apresentam reação mais violenta daí então a súbita elevação de temperatura (febre) durante a replicação viral. Todos os orgãos do corpo humano são ricamente vascularizados: figado, pulmão, rins, coração, cérebro, sistema digestório e, no caso de dengue com evolução hemorrágica, seja devido a uma 1ª infecção ou seja devido ao uso indevido de medicamentos que alterem a coagulação como o Ácido Acetil Salicílico ou similares, haverá a ocorrência de princípio hemorrágico de importância médica, podendo evoluir para um quadro bastante grave.
As manifestações clinicas da dengue afetam orgãos vitais como o cérebro, fígado, coração, rins e pulmão.
Dor no corpo, “febre quebra-osso” já citada acima por ser um dos nomes que a patologia recebeu, dor nas articulações é a replicação viral ocorrendo dentro das estruturas ósseas, que são ricamente vascularizadas o que permite a nutrição dos ossos.5
NO CÉREBRO
Edema cerebral, hemorragia cerebral, anóxia cerebral, hemorragia microcapilar, a infecção do sistema nervoso central (SNC) devido a dengue é teoria defendida por Halstead, alguns distúrbios pós-dengue, são relatados: epilepsia, tremores, amnésia, demência, psicose maníaca, paralisia de Bell, envolvimento de laringe, paralisia de extremidades inferiores, de palato, de nervo ulnar, de nervo toráxico longo, de nervo peroneal, síndrome de Reye, síndrome de Guillain-Barré, meningoencefalomielite e mononeuropatias.Os sinais e sintomas neurológicos clássicos associados à fase aguda do dengue são: cefaléia, convulsão, delírio, insônia, inquietação, irritabilidade e depressão3. A estes podem estar associados meningismo discreto sem alteração da consciência ou deficiência neurológica focal, depressão sensorial, convulsões e desordens comportamentais3, além de sinais de comprometimento piramidal e meníngeo.
NO FIGADO E OUTROS ORGÃOS
Falência hepática fulminante, devido ao orgão sofrer, além da agressão pelo vírus, a “agressão medicamentosa”, isto é, o uso indiscriminado do paracetamol, com dosagens e intervalos errados podem causar danos ireversíveis ao fígado.
No sistema renal os danos causados, no conjunto formado pela multiplicação do vírus da dengue e a utilização de forma errônea do paracetamol, pode levar a paralisação do orgão. O pulmão pode ser fatalmente atingido pela replicação do vírus em seus capilares (vasos sanguíneos).
1-Strauss,James Instituto de Tecnologia da Califórnia-Caltech 2-Kuhn, Richard. Rossman, Michael. Baker, Timothy- Universities Pordue.
3- Gubler DJ, Kuno G, Watermen SH. Neurologic disorders associated with dengue infection. International conference on dengue/dengue haemorrhagic fever. Kuala Lumpur. 1983.
4-Hendarto SK, Hadinegoro SR. Dengue encephalopathy. Acta Paediatr Jpn 1992;34:350-357.
5-Atlas de ANATOMIA e SAÚDE.Bolsa Nacional do Livro.Editora do Brasil.
BEATRIZ ANTONIETA LOPES
Bióloga-Entomologista
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO-MT
FIOCRUZ-RJ
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