* Bia Lopes
Acabo de assistir a uma entrevista no programa Mais Você (10/04/2008), na qual Ana Maria conversava com um médico infectologista, que estava mostrando “como se proteger da dengue” e ensinando como passar um repelente!
Assisti também, dias atrás, um pesquisador apresentando uma “mosquitoeira” para capturar e eliminar Aedes, o que me levou a pensar: ora, o virologista larga a pesquisa de lado e vai fabricar armadilha para mosquito!
Outro produziu uma raquete elétrica, e o pior de tudo, é que, a população em estado de choque, está comprando tudo o que aparece para se defender do mosquito da dengue!
Li, tempos atrás, um artigo científico (que recebeu verba para ser desenvolvido), onde é apresentada uma solução para “acabar com a dengue”: aquecer ou cozinhar os ovos dos Aedes aegypti em alta temperatura! Vai aparecer um pesquisador vendendo panelinha para cozinhar ovos do mosquito...
Destruir bromélias, transferir culpa exclusivamente à população e, pior, não fazer o que deve realmente ser feito, tem sido o trabalho que as vigilâncias Epidemiológica e Sanitária vêm realizando ao longo desses anos...Como se conclui pelas sucessivas epidemias.
O trabalho da Vigilância é VIGIAR, OBSERVAR, não deixar vetores proliferarem!
Um paciente com sorologia positiva para Dengue, é um alerta que deve ser analisado e a observação de presença do vetor pede medidas rápidas, concretas, eficientes! Mas isso, ao longo desses últimos 20 anos não tem sido feito.
E, com a transferência da responsabilidade do governo federal aos estados e municípios, o Brasil passou a enfrentar epidemias, inicialmente em cidades portuárias, alastrando-se rapidamente pelo país todo.
As verbas repassadas servem para propósitos eleitoreiros, para acomodar apadrinhados políticos, para eleger de vereador a presidente da república!
Outra notícia, que li ontem, no Globo on line: “Os secretários de Saúde, Sérgio Côrtes, e da Segurança, José Mariano Beltrame, anunciaram a contratação de 4.000 guias cívicos que trabalharam nos Jogos Pan-Americanos a ½ salário mínimo ao mês... Parece pouco? Mas não é! Representa mais de R$ 800.000,00 mensais que, em vez de ser utilizado na eliminação do mosquito, se transformam noutro imenso cabide eleitoreiro...
Primeiro: O repelente, como bem diz o nome, apenas repele o mosquito, é só um paliativo e não uma solução, pois os mosquitos permanecem e só aumentam. E pode se tornar perigoso - tenho o relato de uma mãe que passou no bebê e no próprio corpo e, ao abraçar o bebê ele encostou a boca no ombro da mãe (onde havia sido passado o repelente) e começou a babar e sufocar. Outro relato: pessoa adulta passou o repelente e depois de algum tempo ingeriu uma bolacha; após 20 minutos começou a passar mal intoxicada com o repelente.
Segundo: Armadilha para capturar mosquito?!!! Se fosse uma onça, vá lá.
Terceiro: Raquete elétrica? Bom, há vários anos publiquei um artigo no qual sugeri, em tom de brincadeira naturalmente, matar os mosquitos a tapas... Resido num bairro com certa estrutura; mantenho meu quintal limpo; não tenho áreas de criação de mosquitos nem dentro nem fora de minha casa; faço minha parte; escrevo meus artigos e oriento pessoas, então posso me dar ao direito de brincar, às vezes, ironizando, mas o assunto é sério, e grave!
Quarto: Aquecer ou cozinhar ovos de mosquitos?!! Sem comentários.
Fórmulas mágicas, invenções, vírus tipo 04 espreitando para invadir o país...Se fosse o povo simplesmente acreditando nisso, eu até entenderia; a população está sem rumo, vendo familiares mortos por um mosquito, em pleno século XXI! Mas não. Pesquisadores, infectologistas, epidemiologistas, virologistas, enfim, estudiosos (?) de nosso país, alardeando estas “besteiras”, contribuem com a mistificação do problema.
Quando os chamados “pesquisadores” citam: “um vírus tipo 04 espreitando para entrar no país”, a impressão que me passa é que este estudioso não parou para pensar sequer. Ou não estudou direito a lição... No Rio de Janeiro ou aqui no Mato Grosso, iremos certamente encontrar, isto é, se sorologias e isolamento viral forem realmente feitos, crianças, por exemplo, até 04 anos, apresentando isolamento viral para DEN 1. Já esta mesma criança, dos 04 anos em diante,(já tendo sofrido sua 1ª dengue no útero materno, ou logo ao nascer) ao ter outra vez dengue, será DEN 2, que a sorologia e o isolamento viral irão mostrar.
A circulação de DEN 1 e DEN 3 em lugares epidêmicos aponta pessoas tendo sua 3ª dengue e, outros, a 1ªdengue.
A epidemia de dengue, que atingiu o Rio de Janeiro em 1986 infectou 1 milhão de pessoas e, passados 04 anos retornou reinfectando muitas daquelas pessoas. As que fizeram exames e isolamento viral, apresentavam DEN 2 com muitos apresentando sintomas hemorrágicos devido às reações do organismo. Geralmente, uma segunda infecção vem com reações fortes, devido ao registro constante no sistema imunológico da primeira infecção.
Porque a dengue está tomando conta do Brasil
Durante o curso na FIOCRUZ-RJ., preocupada o com grande número de Aedes aegypti no campus e na cidade toda, eu falei que deveria ser usado o "fumacê" com o óleo, adicionado ao inseticida, em dosagem, intervalos e velocidade correta. Na época fui tratada como doida: "Imagine, passar inseticida, não pode!" E olha aí o resultado! Muitos morreram e, infelizmente, muitos ainda irão morrer.
E agora, em plena epidemia, deveria ser passado o “fumacê” EM TODO O RIO DE JANEIRO, a cada 07 dias.
Não sabem fazer o certo? Copiem.
Podem copiar o modelo cubano, por exemplo: Fidel Castro, a cada ameaça de epidemia, passava o "fumacê" por toda a ilha, envolvendo-a numa nuvem e estancando a epidemia, no início!
Por que nós, não fazemos o mesmo? Aqui é só panfletagem, revistinhas e decisões erradas, enfim, parece que são cargos políticos: “capivaras” e “capivaras” no poder...Comandadas por “antas” (com o devido respeito que tenho por nossa fauna).
É assustador escutar o secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, citar, como NOVAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO, a distribuição de três milhões de revistinhas feitas por Ziraldo, com o Menino Maluquinho ensinando a combater o mosquito! Isso deveria dar cadeia (não ao notável artista, naturalmente); o Ministério Público precisa agir! É desperdício de dinheiro público e gozação com quem está sofrendo a dengue na pele ou com os familiares das vitimas que morreram!
Bem, ao menos uma coisa certa Côrtes falou: “Não adianta responsabilizar a população. Ela é vítima, ninguém cria mosquito da dengue porque quer”. Isso, venho dizendo há um bocado de tempo: o mosquito voa. Com fome de sangue, voa ainda mais longe. Nem muro alto nem cerca elétrica impedem sua entrada.
Pelas brigas ( ou desencontros afirmativos) envolvendo secretários estadual e municipal de Saúde, mais prefeito (no caso do Rio), com trocas de acusações chegando até ao ministro Temporão e a falta de ações efetivas para acabar com a dengue, imagino que a resistência ao uso do Malathion, que realmente mata o inseto, deve ser briga política... e quem está lucrando é o fabricante de veneno para carrapatos, baratas, moscas do chifre, indicado pelo Ministério da Saúde!
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