quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A SAÚDE QUE MERECEMOS

Ocorreu, dias atrás, uma “passeata de desagravo” aos profissionais da saúde. Correto! Pois eles realmente trabalham! Aliás, grande maioria trabalha em condições adversas, sem meios ou materiais para proporcionar o atendimento que a população tem direito!

Médicos em número insuficiente para receber não só a demanda que ocorre no município, parte devido aos desmandos na condução das ações necessárias e essenciais ao atendimento a que o cidadão tem direito, mais os pacientes oriundos dos municípios vizinhos em função do Consórcio de Saúde.

Funcionários da saúde ficam de “mãos amarradas”, sem ter o que fazer frente às centenas de pessoas que buscam atendimento.

Tristes casos ocorrem, como o daquela jovem que chegou cedo ao PA, passando mal, com muita dor e ficou esperando atendimento até à noite, quando morreu! E por um problema tão simples: apendicite.

Puxando a passeata, uma das coordenadoras da saúde, que há muito colocada à frente no controle das doenças causadas por vetores (Dengue, Leishmaniose, Calazar), se registrando muitas ações equivocadas na condução do combate deles, falhas determinantes a que muitas pessoas tivessem dengue, ocasionando vários óbitos.

E o mais grave: o Flebótomo, responsável pela Leishmaniose, que fez várias vitimas fatais em Rondonópolis, continua se reproduzindo e infectando pessoas, silenciosamente. E, às vezes, até que a doença seja descoberta, a evolução poderá ser fatal.

Há muito tempo venho pedindo providências em relação aos vetores patogênicos ao homem e animais domésticos (como é o caso dos milhares de cães infectados pela Leishmaniose e sacrificados, eles que são também vitimas inocentes, como nós).

A população de Rondonópolis tem direito à saúde e este direito passa pelo controle de vetores que deveriam ser eliminados garantindo assim uma vida mais saudável à população.

Pergunto: depois de eliminar o último cão de nosso município, seguindo seu raciocínio, partirá para a eliminação dos animais silvestres ou selvagens, muito próximos de nós? Gambás (marsupiais) são reservatórios para as Leishmânias, nos quais o inseto se alimenta e, depois, ao alimentar-se com o sangue canino ou humano irá disseminar a doença.

Depois irá derrubar cada árvore dos quintais, das ruas de nossa cidade? Porque sob elas caem folhas onde as larvas do Flebótomo vetor da Leishmaniose prolifera!

E depois, dona Rosana, fará o que mais? Afinal a senhora foi quem esteve à frente dessas ações na saúde ao longo desses anos...

Não estou criticando, estou apontando as falhas, não sem mostrar onde está o erro; a prova é o PROJETO RONDONÓPOLIS SEM DENGUE, que protocolei encaminhado ao senhor prefeito municipal, bem como vários ofícios solicitando e sugerindo providências. Entrei com denúncia na promotoria pública e a prefeitura fez uma “parceria” com a promotoria. Outros óbitos ocorreram, e muitas pessoas estão infectadas.

Finalmente entrei com um pedido na Justiça Federal contra o Ministério da Saúde, pois tanto o estado como o município dizem que cumprem normas do ministério (e este, de acordo com ofício que recebi do Gabinete Pessoal do Presidente da República, explica que “conforme determina nossa Constituição, o chefe do Executivo Federal não pode interferir em questões administrativas dos municípios.”), mas ainda não sei quais providências foram tomadas.

Assim em vez dos inúmeros e seqüenciais, digamos “equívocos”, a coisa certa seria, pura e simplesmente, ELIMINAR O MOSQUITO VETOR, seja ele o da Dengue, da Leishmaniose ou outros que por ai estão proliferando, se adotando procedimentos adequados. Ou matar a tapas...

Com referência aos inseticidas errados, inadequados, “preconizados” pelo Ministério da Saúde, eu gostaria de saber: eles são Deus e temos de aceitar suas determinações sem questioná-las? Não, senhora, não é assim! De minha parte, digo “amém” somente em minhas orações...

Já escrevi e volto a repetir: Rondonópolis poderia ser exemplo em Saúde Pública para muitos outros lugares!

Que saúde é essa que a senhora apregoa d. Rosana? É essa saúde em que a senhora esteve à frente ao longo desses últimos anos?

Não d. Rosana, isto não é saúde! A saúde que queremos para nós e para nossas famílias é bem diferente....

Na falta de ações concretas e corretas para garantir à população um nível saudável de vida, e a isto se chama Saúde Preventiva, o município, o estado e a federação arcam com os custos da Saúde Curativa, o que não é, de forma alguma, o desejado!

Em RADIS (publicação sobre saúde da FIOCRUZ) 08/ 2008 o deputado Jofran diz, com ironia: “A saúde não tem preço, mas tem custo” e eu concordo. Mas as verbas destinadas à saúde deveriam ser aplicadas na saúde!

Essa edição de RADIS foi comemorativa aos 20 anos da Constituição, e na pagina 25 publica o capítulo da saúde, que inicia com o Art.196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado (governos municipais, estaduais e federal), garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução de risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

A impressão que tenho é a de que está ocorrendo um sério desvio, pois quando se fala de políticas de saúde é os cuidados básicos a que tem direito o cidadão e não se trata de fazer “política na saúde” como ocorre hoje.

A população tem direito ao acesso à saúde com dignidade; o local deveria ser higienizado; pintura suja e descascada não é o padrão aceito pela vigilância sanitária, que aplica pesadas multas em clínicas particulares que não estejam adequadas aos padrões exigidos.

Para o visual político das propagandas percebemos que alguns locais (Secretaria Municipal de Saúde) receberam um colorido novo “prá ficar bonito na foto”... Mas a população necessita com urgência de providências tais como médicos suficientes no atendimento para não ultrapassar 01 hora de espera. Precisa de um trabalho eficiente na eliminação dos vetores patogênicos à saúde e assim não haverá superlotação nos postos de atendimento médico e hospitais. Melhorias mais efetivas no trânsito para reduzir o número bastante alto de acidentes com feridos graves e elevado número de óbitos.

E assim, cara senhora, teremos uma população saudável e uma vida melhor.

BEATRIZ ANTONIETA LOPES
BIÓLOGA com especialização em ENTOMOLOGIA MÉDICA

bia_utopia@yahoo.com.br ou bialolara@gmail.com

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