Ocorreu, dias atrás, uma “passeata de desagravo” aos profissionais da saúde. Correto! Pois eles realmente trabalham! Aliás, grande maioria trabalha em condições adversas, sem meios ou materiais para proporcionar o atendimento que a população tem direito!
Médicos em número insuficiente para receber não só a demanda que ocorre no município, parte devido aos desmandos na condução das ações necessárias e essenciais ao atendimento a que o cidadão tem direito, mais os pacientes oriundos dos municípios vizinhos em função do Consórcio de Saúde.
Funcionários da saúde ficam de “mãos amarradas”, sem ter o que fazer frente às centenas de pessoas que buscam atendimento.
Tristes casos ocorrem, como o daquela jovem que chegou cedo ao PA, passando mal, com muita dor e ficou esperando atendimento até à noite, quando morreu! E por um problema tão simples: apendicite.
Puxando a passeata, uma das coordenadoras da saúde, que há muito colocada à frente no controle das doenças causadas por vetores (Dengue, Leishmaniose, Calazar), se registrando muitas ações equivocadas na condução do combate deles, falhas determinantes a que muitas pessoas tivessem dengue, ocasionando vários óbitos.
E o mais grave: o Flebótomo, responsável pela Leishmaniose, que fez várias vitimas fatais em Rondonópolis, continua se reproduzindo e infectando pessoas, silenciosamente. E, às vezes, até que a doença seja descoberta, a evolução poderá ser fatal.
Há muito tempo venho pedindo providências em relação aos vetores patogênicos ao homem e animais domésticos (como é o caso dos milhares de cães infectados pela Leishmaniose e sacrificados, eles que são também vitimas inocentes, como nós).
A população de Rondonópolis tem direito à saúde e este direito passa pelo controle de vetores que deveriam ser eliminados garantindo assim uma vida mais saudável à população.
Pergunto: depois de eliminar o último cão de nosso município, seguindo seu raciocínio, partirá para a eliminação dos animais silvestres ou selvagens, muito próximos de nós? Gambás (marsupiais) são reservatórios para as Leishmânias, nos quais o inseto se alimenta e, depois, ao alimentar-se com o sangue canino ou humano irá disseminar a doença.
Depois irá derrubar cada árvore dos quintais, das ruas de nossa cidade? Porque sob elas caem folhas onde as larvas do Flebótomo vetor da Leishmaniose prolifera!
E depois, dona Rosana, fará o que mais? Afinal a senhora foi quem esteve à frente dessas ações na saúde ao longo desses anos...
Não estou criticando, estou apontando as falhas, não sem mostrar onde está o erro; a prova é o PROJETO RONDONÓPOLIS SEM DENGUE, que protocolei encaminhado ao senhor prefeito municipal, bem como vários ofícios solicitando e sugerindo providências. Entrei com denúncia na promotoria pública e a prefeitura fez uma “parceria” com a promotoria. Outros óbitos ocorreram, e muitas pessoas estão infectadas.
Finalmente entrei com um pedido na Justiça Federal contra o Ministério da Saúde, pois tanto o estado como o município dizem que cumprem normas do ministério (e este, de acordo com ofício que recebi do Gabinete Pessoal do Presidente da República, explica que “conforme determina nossa Constituição, o chefe do Executivo Federal não pode interferir em questões administrativas dos municípios.”), mas ainda não sei quais providências foram tomadas.
Assim em vez dos inúmeros e seqüenciais, digamos “equívocos”, a coisa certa seria, pura e simplesmente, ELIMINAR O MOSQUITO VETOR, seja ele o da Dengue, da Leishmaniose ou outros que por ai estão proliferando, se adotando procedimentos adequados. Ou matar a tapas...
Com referência aos inseticidas errados, inadequados, “preconizados” pelo Ministério da Saúde, eu gostaria de saber: eles são Deus e temos de aceitar suas determinações sem questioná-las? Não, senhora, não é assim! De minha parte, digo “amém” somente em minhas orações...
Já escrevi e volto a repetir: Rondonópolis poderia ser exemplo em Saúde Pública para muitos outros lugares!
Que saúde é essa que a senhora apregoa d. Rosana? É essa saúde em que a senhora esteve à frente ao longo desses últimos anos?
Não d. Rosana, isto não é saúde! A saúde que queremos para nós e para nossas famílias é bem diferente....
Na falta de ações concretas e corretas para garantir à população um nível saudável de vida, e a isto se chama Saúde Preventiva, o município, o estado e a federação arcam com os custos da Saúde Curativa, o que não é, de forma alguma, o desejado!
Em RADIS (publicação sobre saúde da FIOCRUZ) 08/ 2008 o deputado Jofran diz, com ironia: “A saúde não tem preço, mas tem custo” e eu concordo. Mas as verbas destinadas à saúde deveriam ser aplicadas na saúde!
Essa edição de RADIS foi comemorativa aos 20 anos da Constituição, e na pagina 25 publica o capítulo da saúde, que inicia com o Art.196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado (governos municipais, estaduais e federal), garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução de risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
A impressão que tenho é a de que está ocorrendo um sério desvio, pois quando se fala de políticas de saúde é os cuidados básicos a que tem direito o cidadão e não se trata de fazer “política na saúde” como ocorre hoje.
A população tem direito ao acesso à saúde com dignidade; o local deveria ser higienizado; pintura suja e descascada não é o padrão aceito pela vigilância sanitária, que aplica pesadas multas em clínicas particulares que não estejam adequadas aos padrões exigidos.
Para o visual político das propagandas percebemos que alguns locais (Secretaria Municipal de Saúde) receberam um colorido novo “prá ficar bonito na foto”... Mas a população necessita com urgência de providências tais como médicos suficientes no atendimento para não ultrapassar 01 hora de espera. Precisa de um trabalho eficiente na eliminação dos vetores patogênicos à saúde e assim não haverá superlotação nos postos de atendimento médico e hospitais. Melhorias mais efetivas no trânsito para reduzir o número bastante alto de acidentes com feridos graves e elevado número de óbitos.
E assim, cara senhora, teremos uma população saudável e uma vida melhor.
BEATRIZ ANTONIETA LOPES
BIÓLOGA com especialização em ENTOMOLOGIA MÉDICA
bia_utopia@yahoo.com.br ou bialolara@gmail.com
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