segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DEFINIÇÃO DE SAUDADE

Recebi um e-mail do meu amigo João Batista de Andrade Neto com este comovente relato escrito pelo médico oncologista clínico, doutor Rogério Brandão que me fez recordar um pequeno anjo que conheci que também lutava bravamente contra o câncer, acompanhei de perto a dor e o sofrimento da família e, nos minutos finais, ainda a mãe daquele pequeno anjo passou pela dor e a humilhação, foi presa, passou horas sendo ouvida por uma delegada, que só a liberou depois da mãe desmaiar por duas vezes! Tudo por que na hora da dor mais profunda ouviu as palavras proferidas pela atendente e, confirmada a morte de sua amada filhinha, foi até a sala de enfermagem e dera um tapa no rosto da funcionária! Leia abaixo sobre Karoline...


Este é o artigo do Dr. Rogério Brandão, Médico oncologista

Nós médicos somos treinados para nos sentirmos "deuses". Só que não o somos! Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado. É este sentimento que nos impulsiona, que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom. Quando perdemos um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses. Somos forçados a reconhecer nossos limites!


Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional (...) posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além.



Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional... Comecei a freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças.



Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano!

Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.
— Tio, — disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores... Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
Indaguei:
— E o que morte representa para você, minha querida?
— Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.)
— É isso mesmo.
— Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei "entupigaitado”, não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.
---E minha mãe vai ficar com saudades — emendou ela.
Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei:
— E o que saudade significa para você, minha querida?
— Saudade é o amor que fica!


Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e simples para a palavra saudade:


É o amor que fica!
Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas, deixou-me uma grande lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores. Quando a noite chega, se o céu está limpo e vejo uma estrela, chamo pelo "meu anjo", que brilha e resplandece no céu.


Imagino ser ela uma fulgurante estrela em sua nova e eterna casa. Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que me ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudade! O amor que ficou é eterno.


Rogério BrandãoOS BALÕES DA FESTA DE KAROL
Médico oncologista clinico
RC Recife Boa Vista D4500
Cremepe 5758v





Havia muitos balões coloridos enfeitando o salão, as vezes algum estourava ao balançar....


Balões rosas, azuis amarelos e verdes.


Crianças sentadas em volta de mesas, docinhos salgadinhos, refrigerantes pequenos pacotes de presentes...


Todos aguardando a chegada da pequena aniversariante...


Estranho: não havia o corre-corre de sempre, das festinhas infantis, o que se percebia era uma preocupação no rostinho dos pequenos convidados.....


Quando a menina chegou, deu uns passos olhou ao redor e viu em torno de cada mesa um amiguinho, um priminho , tios, papai e mamãe , o maninho, todas pessoas importante s em sua vida e sorriu....


Sentou-se, recebeu os abraços e os presentes, chegou a hora de cantar “o parabéns à você”, apagar as velinhas....Karol cortou ela mesma, o bolo e distribuiu aos convidados, comeu docinhos e abriu novos presentes que chegaram....


Eu, igual as crianças ganhei uns balões, ficaram pendurados uns dias, esvoaçando e lentamente o ar foi desaparecendo e os balões estão ali,vazios....


Naquela noite a pequena Karol deitou e adormeceu..


Para sempre.....
Homenagem da tia Bia .


*A pequena Karoline lutou durante muito tempo contra um câncer e morreu na noite de seu aniversário.


CADA UM DE NÓS PODE FAZER A DIFERENÇA

Beatriz Antonieta Lopes



Sim, cada um de nós pode fazer a diferença, basta querer. É simples. Você pode dizer um “sim” mal-educado, desinteressado ou um “não” com educação e demonstrar estar lamentando este não, certamente você pode sempre fazer um pouco mais pelo outro que está a sua frente, precisando de você...

Li uma história de uma jovem mãe com um filho pequeno que estava lutando contra um câncer. Muitas lágrimas esta mãe derramou, e a cada dia mais perto estava o fim, para seu filho. Um dia ela perguntou ao pequeno o que ele gostaria de ser quando ficasse adulto.

--Bombeiro, respondeu prontamente o menino. A mãe ficou em silêncio, pensando. Mais tarde foi até a sede do corpo de bombeiros perguntar se o menino poderia fazer uma visita, conhecer e ver o carro de bombeiros de perto. O comandante comovido, ao saber a história do menino não só autorizou a visita como quis saber a medida (tamanho da roupa) que o menino vestia, mandou fazer um uniforme completo, igualzinho ao dos bombeiros e, no dia combinado foi com o carro, sirene ligada, buscar o pequeno para passar o dia, trabalhando com eles. Os olhos do garotinho brilhavam de alegria... Neste dia houve um principio de incêndio, um resgate e vários atendimentos devido a ocorrências de acidentes. À noite, cansado e feliz contou as peripécias para a mãe.


Os dias foram passando e a saúde do menino foi piorando, se agravando mais e mais, até que um dia o médico avisou a mãe que era o último dia de sua vida. No hospital a enfermeira recordou do “dia de bombeiro” e ligou avisando sobre a gravidade do estado do garoto para algum dos bombeiros virem se despedir do amiguinho.

Os bombeiros pediram à mãe que abrisse a janela do quarto para que o menino visse eles chegando, sirenes ligadas, escada “magirus” e todo o aparato dos bombeiros, que, pela escada entraram no quarto e prestaram a última homenagem, nomeando-o “ Bombeiro Honorário”. O menino perguntou:
---Então eu sou um bombeiro de verdade? Sorriu e morreu.

Bem diferente da história da pequena Karol...


O último desejo da pequena Karoline






Dia 19 de abril, seria o dia de seu aniversário, pediu aos pais que a festinha de seus 10 anos fosse em Rondonópolis junto de seus priminhos, tios e amigos.


Os primos e amigos passaram a manhã e parte da tarde enfeitando o centro comunitário para festejar Karol, que estava vindo de Cuiabá.


No coração de cada um havia muita tristeza, apesar da atividade festiva e muita “torcida” pela amiguinha...


À tardinha a pequena chegou à festa, entrou olhando e sorrindo para todos que ali esperavam para festejar seus 10 aninhos.


Fez questão de, após ouvir os “parabéns a você” e soprar as velinhas, cortar o bolo para todos.


Depois da festa deitou-se para descansar e começou a morrer, quase em silêncio. Os pais e tios, desesperados correm para o hospital mais próximo onde Karol recebe atendimento.


Está morrendo, quer ver o pai e o irmão a mãe corre para chamá-los na sala de espera, quando escuta a funcionária chamar o guarda para ver “este pessoal que parece baratas ou ratos entrando pelo hospital”.


O pai e o irmão entram para ver a criança que agoniza e morre neste instante. Depois disto a jovem mãe vai até a sala onde funcionários conversam e riem e dá apenas um tapa na funcionária. Apenas um. Esta mãe, maltratada no momento da dor maior, da perda da pequena filha, que lutou com unhas e dentes como uma leoa para defender a filha do terrível câncer que dia após dia foi minando as forças daquele corpinho frágil teve ainda que passar pela humilhação de ser levada para a delegacia dar depoimento! E só foi liberada após desmaiar duas vezes, para só então ir até a funerária acompanhar os preparativos para o velório da pequena Karol...


Parece que alguma coisa está profundamente errada. Muito errada. Esta funcionária nunca ouviu dizer que devemos ser humanos, nos colocar no lugar da pessoa que está a nossa frente (empatia), especialmente quem trabalha na área de saúde?


Ela, antes de exigir respeito deveria aprender a respeitar, ainda mais neste caso, a dor desta mãe, desta família.


A Lei, que foi criada para proteger o funcionário publico está, neste caso, sendo mal utilizada, protegendo esta “funcionária”...


Karoline, Deus emprestou você durante estes 10 anos para que pudéssemos amá-la e para você nos mostrar sua força e alegria até o fim!


Bia Lopes, funcionária publica, envergonhada
















Um comentário:

blog do evalin disse...

A vida, infelizmente, é assim. Mas vai mudar um dia...Ah isso vai. Até lá teremos de conviver com as incompreensões, e, o que parece pior, perdoá-las. O mestre dos mestres, Jesus, assim ensinou.

Blog do Evalin