domingo, 5 de junho de 2011

DE META EM META A SAÚDE CONTINUA UM CAOS...

Série Doenças Negligenciadas


“A meta é erradicar a Hanseníase até 2005” Este é o título do artigo de Kátia Machado, na RADIS Nov.2004.


Descriminação e preconceito ainda hoje envolvem o paciente portador da Hanseníase ou Lepra.


“Contrair a Hanseníase não é apenas contrair uma doença que atinge os nervos periféricos, contraímos também uma nova identidade que, não raro, é muito pior do que a doença em si(...)” declarou Francisco Augusto Vieira Nunes, o Bacurau. Ele morreu em 1997, depois de longos 21 anos de internações e tratamentos.


A evasão do tratamento tem, ao longo dos anos, vários motivos, que envolvem medo, depressão e fatos assim: A atendente de guichê, no posto, ‘organizando’ o atendimento por fila falava em voz alta “esta é a fila das perebas e leprosos”. Isto acontecia em Nova Iguaçú-Rj., identificado o problema: necessidade de sensibilização e capacitação de funcionários! Isto é comum em muitos lugares...


Identifiquei este tipo de situação em Rondonópolis- MT., durante a campanha do teste rápido de pesquisa do HIV., outra patologia que aumenta assustadoramente. Esta campanha foi deflagrada logo após o carnaval.


Gestantes, jovens, idosos, usuários de drogas e outros grupos de risco já na recepção são informados que devem aguardar uma ‘triagem’ e palestra, para só então realizar o exame, gerando constrangimento e até mesmo desistências!


Faz-se necessário um estudo para que as chamadas ‘portas de entrada’ recepcionem e atendam o paciente de forma humana e não geradoras de discriminação!


Enquanto aguardam a Saúde Pública “atingir as metas” muitos pacientes adoecem, enfrentam obstáculos e morrem aguardando.


Entre as Doenças Negligenciadas e suas metas inatingíveis, devo falar também sobre:

DENGUE (Aedes aegypti)


A Dengue é um dos mais graves absurdos, desencadeada pela inoperância e descaso dos gestores do Ministério da Saúde! Pela absoluta falta de eliminação do inseto vetor, que transmite o vírus, a patologia alastrou-se pelo Brasil, atingindo milhares de pessoas a cada ano.


Não bastasse isto o despreparo dos profissionais no atendimento ao paciente, Postos de Atendimento superlotados, rede de saúde publica sucateada, falta de medicamentos adequados tudo isto e mais a gravidade dos casos hemorrágicos deixam a população brasileira em pânico!


LEISHMANIOSE (Flebótomo)


Muitos pacientes, mal se recuperando da Dengue descobrem que estão com Leishmaniose, outra grave doença que o Flebótomo (outro mosquito) que transmite o protozoário, que também, caso não seja rapidamente diagnosticada o paciente irá a óbito de forma rápida e sofrida. Anualmente centenas de novos casos surgem e a patologia também se alastra pelos estados brasileiros.


MALÁRIA (Anopheles)


Apesar de os casos de malária no Brasil terem diminuído nos últimos anos, a situação na região amazônica ainda é preocupante. O alerta vem do professor Pedro Luiz Tauil, da faculdade de Medicina da Universidade de Brasília.


Com a redução de casos de malária, ocorreu também uma redução nas ações de controle devido muitas vezes, o manejo de trabalhadores que cuidam do controle da malária que são deslocados para cuidar de outras áreas, como o controle da dengue. E com isto a malária voltou a aumentar o número de casos.


Troca de pessoal quando ocorrem mudanças políticas no poder de estados e municípios propiciam o aumento de patologias, devido ao fato de algumas ações serem descontinuadas ou mudança nas estratégias de controle de vetores.


Um exemplo: A transferência para os estados e municípios o controle estratégico de vetores.


O resultado: o crescimento desenfreado e descontrolado do número de vetores e as patologias por eles transmitidas.


FILARIOSE LINFÁTICA (Culex).


É a chamada ‘elefantíase’, vetorada pelo nosso conhecido pernilongo, que transmite o protozoário. Muitos casos, mas o paciente pouco aparece, pois se torna ‘invisível’, pois devido a deformidade exagerada dos membros do corpo dificilmente saem de casa, não se expõe em público.


ONCOCERCOSES (Simulídeos).


São os “borrachudos”, vetores desta doença com 17 milhões de casos de Oncocercoses registrados no mundo onde 99% ocorrem na África, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde.


Como o vetor chegou ao Brasil? Por que existem casos de oncocercose em Goiás, a mais de dois mil quilômetros de distância do foco original, em território ianomâmi?


A pesquisadora Marilza Herzog, Entomologista do Instituto Oswaldo Cruz analisa a dispersão da oncocercose no Brasil e estudou a princípio os vetores da oncocercose, tem profundo conhecimento sobre a doença, nos seus aspectos médicos, epidemiológicos, históricos e culturais.


O verme é transmitido através da picada de insetos do gênero Simulium, popularmente conhecidos como borrachudos.


No corpo do homem, seu hospedeiro definitivo, as larvas do parasita se desenvolvem formando adultos que podem chegar a aproximadamente cinco centímetros no caso dos machos e a até 80 cm no caso das fêmeas, que se alojam sob a pele, enoveladas em torno de si mesmas formando nódulos.


TRIPANOSSOMÍASE AFRICANA (Glossinia).


Esta grave doença negligenciada atinge a população de algumas áreas da África, conhecida como ‘doença do sono’, é vetorada pela mosca TSÉ-TSÉ, os tripanossomos são parasitas unicelulares do sangue.


Trata-se de uma patologia grave, mata um elevado numero da população africana.


Como Entomologista, sei que o sistema de reprodução é diferente de outras moscas e mosquitos: cada mosca gera apenas uma mosquinha por vês, a mosca ‘grávida’ carrega o inseto em seu interior até completar o ciclo de formação do inseto e depois deposita em locais junto a rios, lagos e poços. Então questiono: Porque não é eliminado este vetor?


DOENÇA DE CHAGAS (Triatomíneos).


O protozoário é transmitido pelo ‘barbeiro’, atinge principalmente o músculo cardíaco e requer tratamento pela vida toda. Órgãos afetados: Aparecimento gradual de demência (3% dos casos iniciais), cardiomiopatia (em 30% dos casos), ou dilatação do trato digestivo (megaesôfago ou megacólon (6%), devido à destruição da inervação e das células musculares destes órgãos, responsável pelo seu tônus muscular. No cérebro há freqüentemente formação de granulomas.


ESQUISTOSSOMOSE (caramujos do gênero Biomphalaria. Schistosoma mansoni).


A esquistossomose é uma doença endêmica, silenciosa e, caso não tratada leva à morte. O Brasil é o país mais afetado pela doença nas Américas.


TUBERCULOSE (Bacilos).


A tuberculose é transmitida pelo ar. O doente, quando tosse, espirra ou fala, elimina bacilos que podem contaminar a pessoa que vier a respirá-los.


Normalmente, a doença atinge os pulmões (90% dos casos), mas também pode acometer outros órgãos.


A tuberculose pulmonar é a forma mais freqüente e generalizada da doença. Porém, o bacilo da tuberculose pode afetar também outras áreas do nosso organismo, como, por exemplo, laringe, os ossos e as articulações, a pele (lúpus vulgar), os gânglios linfáticos, os intestinos, os rins e o sistema nervoso. A tuberculose miliar consiste num alastramento da infecção a diversas partes do organismo, por via sanguínea. Este tipo de tuberculose pode atingir as meninges (membranas que revestem a medula espinhal e o encéfalo) causando infecções graves denominadas de "meningite tuberculosa".


Os sintomas mais freqüentes são tosse, cansaço excessivo, febre, sudorese, falta de apetite e emagrecimento.


A melhor prevenção contra a tuberculose é a busca constante de casos e início precoce do tratamento. O Brasil adota vacina BCG intra-dérmica, como medida de prevenção primaria contra a doença.


Doenças negligenciadas ainda matam 01 milhão de pessoas por ano no mundo.


A cada dia, cerca de três mil pessoas morrem no mundo vítimas de doenças negligenciadas como Malária, Dengue, Leishmaniose Visceral, Doença de Chagas e Doença do Sono.



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