segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Natal e Ano Novo, novas esperanças

Este post de meu amigo escritor Orlando Sabka@ é a oportunidade de desejar a todos os amigos leitores um Feliz e  Abençoado 2013 onde não falte o pão, o respeito e a dignidade a todos!!!!
Natal e Ano Novo, novas esperanças

Ainda bem que a esperança é a última que morre, diz um ditado popular. Todos os anos, por ocasião das comemorações de Natal e Ano Novo, centenas de milhões de pessoas renovam suas esperanças e fazem seus pedidos, desde o mais remediado, aquele esquecido pela “sorte”, o que vive à margem do desenvolvimento e da sociedade, ao mais abastado dos mortais.

            Não resta dúvida que o Natal, para os cristãos, é o mais importante evento do ano, quando se comemora o nascimento de Jesus Cristo, Salvador, e cada um, à sua maneira, se desdobra em doar algum tipo de alimento, roupas e brinquedos para as pessoas pobres, famintas e miseráveis, que proliferam pelos quatro cantos do planeta e aqui no Brasil, não se foge à regra, em face da generosidade de nossa gente.

Mas por que essa generosidade principalmente nesse período? Será que o pobre, o remediado, se alimenta apenas uma vez ao ano? Cadê programas oficiais de assistência em tempo integral, que proporcione dignidade ao ser humano? Em nível de Governo, o que se ouve, desde há longa data, é apenas retórica e nada mais, com maravilhosas exceções de diversas pessoas e entidades particulares, religiosas, clubes de serviço e filantrópicos, que se desdobram em ajudar o próximo ao longo dos anos e, mesmo enfrentando dificuldades, fazem sua parte com carinho e determinação, proporcionando dignidade e valorização humana. Um belo exemplo a ser seguido, principalmente por aquelas pessoas que detém o poder e tem a obrigação de amparar o cidadão comum, aquele que vive excluído da sociedade, esquecido pelos cantos da vida, apenas lembrado em época de eleição e somente até o momento de dar seu voto, muitas vezes trocado por um pouco de alimento, algumas telhas, tijolos, areia e cimento, tão comum em eleições passadas e hoje, pelo que se ouve falar pelas esquinas, por uns trocados. Falta conscientização.

No planeta, mais de 500 milhões de seres humanos vivem abaixo da linha de pobreza e, o que é mais triste ainda, cinco milhões de crianças morrem de fome anualmente. Aqui no Brasil os números não são nada animadores. É mais de 25 milhões de crianças e adolescentes, isso sem contar os adultos, que podem chegar também a esses números estratosféricos, sem nenhuma perspectiva de vida digna, pois passam fome e privações em meio à fartura. Esperar o que dessa gente, caso a situação não mudar para melhor? Com certeza mais crianças e adolescentes vivendo nas ruas, abandonadas à própria sorte, a mercê de traficantes, cheirando e consumindo drogas, se prostituindo, praticando furtos, assaltos e assassinatos. Essa é a realidade das ruas, extremamente cruel, onde não existe uma mão amiga que os possa orientar e amparar, muito menos programas oficiais de ajuda. Existem alguns programas de ajuda particular, mas são pouquíssimos. Podemos imaginar o destino final dessas pessoas que nunca tiveram uma oportunidade decente na vida. Construir mais prisões não é a solução e somente preces e cruzar os braços também não resolve o problema. É necessário agir, tomar atitude firme e duradoura com fé e, com inspiração Divina, os problemas poderão ser resolvidos de modo satisfatório. Aí sim, os pedidos de Natal e Ano Novo terão um significado maior, as esperanças renovadas, na certeza de serem realizados.

O quadro é alarmante e tende a se agravar ainda mais, em face da enorme concentração de renda em mãos de uns poucos e da globalização, em que poderosas companhias transnacionais, banqueiros e da agiotagem financeira internacional levam absoluta vantagem, nos mais diversos setores da economia mundial, numa desenfreada acumulação de riquezas, jamais vista no mundo dos negócios, onde ganância e rolo compressor são parceiros no dia-a-dia, fazendo com que o abismo entre ricos e pobres se torne cada vez maior. Países caem de joelhos exauridos (Grécia, Espanha, Portugal e diversos países africanos são exemplo atual), aumentando a legião de desempregados, de famintos, desagregando famílias, gerando incertezas, ranger de dentes, ódios e miséria humana, em proporções gigantescas. É o Apocalipse acontecendo aqui e agora, a nível mundial e, ao que parece, ninguém se da conta disso, sempre com pressa em gerir uma avalanche de compromissos que nunca acaba e não dispõe de tempo para observar que o mundo está desabando ao seu redor ou, na melhor das hipóteses, que não o possa atingir. Somente dá-se conta quando já é tarde demais.

Reverter o quadro de pobreza absoluta é um desafio enorme, mas, para que isso realmente possa acontecer, é necessário que os governos, espalhados pelo planeta, invistam maciçamente em programas específicos, que vão desde a ação social à participação das rendas auferidas no país. Alavancar a indústria, agricultura e comércio com dezenas de milhões de postos de trabalho façam parte desses programas, como também construção de moradias, saneamento básico, saúde e educação. É um longo caminho a ser percorrido, mas necessário. No entanto, o maior entrave que se observa, é a falta de vontade política desses governantes, geralmente acomodados, usufruindo das benesses que o poder oferece. Ao que parece, ficam deslumbrados e facilmente se esquecem das populações que os elegeram. Os reclames das massas jamais se adentram em seus suntuosos palácios, onde a vida corre maravilhosamente bem, com gastos mirabolantes, enquanto que o povo humilde e sofrido deseja e pede, principalmente, em época de Natal, apenas comida, nada mais que comida, na esperança de seus pedidos serem atendidos. Entra ano e sai ano e tudo continua como antes, talvez até um pouco pior, mas o povo tem fé e esperança de que vai mudar e nessa longa e triste jornada muitos ficam pelo caminho precocemente, pelo fato de não terem sequer um prato de comida e o medicamento necessário. Isso é triste, muito triste, mas é a realidade incontestável, em pleno século 21, enquanto que se gastam centenas de bilhões de dólares em programas espaciais, em armamentos e outros projetos mirabolantes, anualmente, no mundo, centenas de milhares de seres humanos morrem de fome e por doenças, isso sem contar as constantes guerras, onde preciosas vidas são ceifadas diariamente.

Parece até criancice, mas muitas vezes chegamos a pensar que Deus poderia vir até nós com um bastão de beisebol na mão e baixar no lombo de muita gente para que a as coisas se encaixem de uma vez por todas, mas por outro lado, lembramos que Ele nos concedeu o dom do livre arbítrio, de modo que ganância, poder e dominação são uma constante. Haja paciência!

Que este seja um bom Natal, que haja de fato consciência natalina e que o Espírito do Natal contagie toda a humanidade, fazendo com que os corações empedrados sejam somente corações e que todos possam pensar e agir com o coração e mente aberta. Somente assim poderemos viver em um mundo verdadeiramente humano, em paz, onde o estender de mãos poderá ser uma constante e a vida valorizada em sua plenitude. Que o Senhor Deus possa derramar suas bênçãos, de modo abundante, sob a face da Terra. Feliz Natal e Próspero Ano Novo.

ORLANDO SABKA
                                                           E-mail: osabka@terra.com.br           

Rondonópolis/MT, Natal de 2012.

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