domingo, 29 de junho de 2008

A dengue e as capivaras postas no alto de árvores

*Bia Lopes

Já dizia um velho político cá da região, igualzinho a tantos espalhados pelo país: "Se você encontrar uma capivara pousada num galho de árvore não questione e muito menos queira retirar ela do lugar onde se encontra. Pode ter certeza: se ela está ali foi por que alguém a colocou neste lugar". E assim nos habituamos a ver muitas destas capivaras ocupando altos cargos em áreas importantes e de alta complexidade na Saúde Pública, e a prova está aí: o retorno de doenças que já haviam sido erradicadas, como dengue, leishemaniose etc, tudo em função das ditas capivaras elevadas a cargos onde jamais chegariam se fosse por competência e concursos públicos "sem padrinhos". As decisões por elas (capivaras) tomadas, sem o mínimo de conhecimento (estudar e pesquisar pra quê?), matam anualmente milhares de pessoas no mundo de doenças infecciosas e parasitárias.
" Por que o vetor proliferou e a dengue se alastrou pelo Brasil? A resposta está aí: é a capivara, que ocupando seu cargo toma decisões erradas no enfrentamento do vetor "
Por que o vetor proliferou e a dengue se alastrou pelo Brasil? A resposta está aí: é a capivara, que ocupando seu cargo toma decisões erradas no enfrentamento do vetor, comete erros graves, mas, apadrinhada politicamente, prossegue no cargo (cometendo erros e mais erros). O pior é que encontramos capivaras em instituições de pesquisa, dando entrevistas e dizendo "que o Aedes e a dengue vieram para ficar"! Que o "fumacê" agride a natureza, que faz mal à população e outras besteiras deste tipo!
Ora, quando, há alguns anos, o "fumacê", controlado pela extinta Sucam, era passado e passado corretamente, não ocorriam tantas mortes por dengue e nem tantas pessoas sofriam com a dengue e todas as complicações que esta patologia provoca. Onde estão os que reclamam sobre agressão ao meio ambiente frente ao uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras? Por que não reclamam? Ou não sabem que o Mato Grosso ostenta o nada lisonjeiro titulo de campeão de reciclagem de embalagens de agrotóxicos? Ou isto não faz mal? Isso sim é um absurdo gigantesco! Temos que ter o uso correto do UBV (Ultra Baixo Volume ou "fumacê"), com dosagens e intervalos de 10 a 12 dias entre uma aplicação e outra, o uso do óleo e do insumo adequado para mosquitos e não como estão fazendo hoje, usando veneno para baratas, pondo em risco a vida de funcionários e pessoas que freqüentam ambientes onde o veneno é aplicado.
" Chega de irresponsáveis decidindo erradamente e pondo nossa vida e a de nossa família em risco "
Ah, sim algumas capivaras, no alto de sua importância, declaram: "o mosquito se tornou resistente ao veneno". Outro erro! Ele não se tornou resistente ao veneno, mas não é com aplicações aleatórias que serão eliminados todos os insetos. Na verdade, tornam-se necessárias aplicações num período de três meses até eliminar o último mosquito. E sem mosquitos não surgirão novos depósitos com ovos, larvas e mosquitos! É tão simples...
A verba para eliminar este e outros vetores chega a cada estado, em cada município brasileiro e vai para onde? A resposta a esta pergunta eu sei e você sabe também! Chega de irresponsáveis decidindo erradamente e pondo nossa vida e a de nossa família em risco. Para isto existe a Promotoria Pública e está na hora de mudarmos este péssimo quadro de Saúde Pública!
Beatriz Antonieta Lopes é bióloga especialista em Entomologia Médica

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