O assunto despertou meu interesse quando esta patologia atingiu minha mãe, uma mulher inteligente e decidida, que gostava de ler bons livros, trabalhou até aposentar-se, administrava pessoalmente as negociações bancárias do pequeno comércio familiar.
Dinâmica, o que precisava ser resolvido nunca deixou para depois, buscando soluções para solucionar qualquer problema doméstico ou comercial.
Mais ou menos 10 anos antes do surgimento (hoje sabemos que não foi repentino) do Alzheimer, ela passara por uma cirurgia de emergência, uma não, mas sim três cirurgias em questão de 20 dias, tendo ficado dias em estado de coma.
Sua saúde sempre fora delicada, pois sofria de bronquite asmática, fazendo uso de vários medicamentos, inclusive para pressão (alta) e diabetes.
Três anestesias em vinte dias, mais medicamentos diversos utilizados, poderiam se tornar causa desencadeante para o Alzheimer? Ainda não sabemos.
O desconhecimento sobre esta patologia ainda é muito grande. As causas que desencadeiam os primeiros sinais (que poderiam servir de alerta) são alguns dos fatores para auxiliar para o início do tratamento mais precoce, tentando assim evitar maiores danos causados ao cérebro.
Lendo um artigo sobre o assunto, NA RAIZ DO ALZHEIMER, onde pesquisadores alemães e brasileiros fizeram importantes descobertas sobre o assunto analisei que, talvez um estudo sobre alguns fatores no histórico de vida de pacientes atingidos pela patologia “os porquês” desencadeantes da lesão. “Propomos incluir as lesões nessa região do tronco cerebral como um estágio neuropatológico anterior ao atual estágio 1 do sistema Braak e Braak”, escrevem os autores do artigo científico na Neuropathology and Applied Neurobiology.
Acreditava-se que as lesões nesse ponto do tronco cerebral surgiam depois, e não antes, de setores do córtex terem sido acometidos pelas alterações típicas da doença.
“O Alzheimer começa no tronco cerebral, mais especificamente numa área denominada núcleo dorsal da rafe, e não no córtex, que é o centro do processamento de informações e armazenamento da memória, como tradicionalmente a medicina postula. Essa idéia é defendida pelos cientistas brasileiros, em parceria com colegas de três universidades alemãs, num artigo a ser publicado nos próximos dias na revista científica Neuropathology and Applied Neurobiology.” “Se confirmado por novos estudos, o achado de que a doença de Alzheimer se inicia no tronco cerebral, a menor das três grandes partes do encéfalo, e daí se espalha para áreas interconectadas do córtex é uma informação importante na busca de terapias para frear o desenvolvimento da doença em seu estágio inicial” explicam os pesquisadores.
Estas descobertas facilitariam um tratamento mais eficiente diz a patologista Lea Grinberg, coordenadora do banco de encéfalos humanos da FMUSP.
“Realmente o achado é uma novidade em seu campo e está muito bem fundamentado”, comenta o neurocientista Iván Izquierdo, da Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), uma das autoridades mundiais no estudo dos mecanismos de formação e extinção da memória.
Para a família do paciente portador da doença surgem situações estranhas: Não poder mais chamar “mãe”, tentando assim diminuir a confusão do paciente que passa a ser uma criança, chamando então pela própria mãe como se tivesse 03 anos de idade, com retorno ao passado, buscando locais e pessoas desta época da vida.
Lya Luft: "Na véspera de Natal perdi minha velha mãe: uma dama de 90 anos, há mais de uma década envolta no véu de uma enfermidade que a despojava de memória, beleza e graça.“Nunca fui tão filha como na orfandade”. e em seu artigo Diagnóstico: Alzheimer, diz “Uma bela mulher ativa tornou-se inexoravelmente uma estranha, raramente ostentando uma vaga semelhança com a que fora minha mãe”.(VEJA ed.nº1887-15/01/2005- Estas frases de Lya me trazem à lembrança a perplexidade e a sensação de nada poder fazer que eu senti olhando minha mãe...
Só hoje, passados mais de 02 anos decidi escrever sobre o assunto, após a leitura do artigo sobre as recentes descobertas para buscar a elucidação dos mistérios que envolvem a doença.
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