Gosto muito de ler, de preferência bons artigos e/ou bons livros, científicos ou não. Assim, às vezes, acontece de ler algumas declarações sobre assuntos de interesse geral, que nem sempre são (ou me parecem) lógicas.
A sugestão de pesquisadores da USP sobre uma “competição entre vírus”, onde o vírus da Dengue impediria o retorno da Febre Amarela, apenas reforça minha teoria sobre o grande desconhecimento que ainda cerca esta patologia viral.
Se analisarmos o fato do vetor ser o mesmo (Aedes aegypti), o vírus (Flavivírus) também é o mesmo, a evolução da patologia é em tudo semelhante, porque os nomes (apelidos dados à doença) são devido às características provocadas pela infecção:
Dengue: andar dengoso, bamboleante. No caso da evolução para o quadro hemorrágico, envolvendo o fígado, esse paciente irá apresentar o aspecto amarelado também.
Febre Amarela: devido à hemorragia atingir as vísceras, especialmente o fígado, o paciente fica com uma cor amarelada.
Veja os nomes que a patologia recebeu:
Nome:
Local e Ano:
Veneno da Água
China, 992
Golpe de Vara
French West Indies, 1635
Dor de Joelhos (Dificuldade do joelho)
Cairo, Egito
Knocketkoorts (febre de Osso)
Batava (Jakart) Indonésia, 1779
Scalatina Reumática
Filadélfia, USA. 1780
A Compassiva- A Piedosa
Cadiz, Sevilha. Espanha, 1784-86
Dengue
Espanha, 1801
Bilioso Remitting (Febre de Breackborne)
Filadélfia-USA 1780
Ki Dinga Pepo, Denga
Zanzibar, África, 1823
Enfermidade febre escarlate
Calcutá, Índia, 1824
Febre Elegante
St. Tomas, Ilhas Virgens.1827
Dunga
Cuba, 1828.
Dengue
Cuba, 1828.
Febre Polca
Brasil, 1845-49.
Banza
Taiwan, 1916.
Febre dos três ou sete dias
Índia,1909.
Febre dos Cinco Dias
Indonésia, 1960.
(Esta tabela foi publicada no livro DENGUE e Febre Hemorrágica da Dengue: SUA HISTÓRIA E RESSURGIMENTO COMO UM PROBLEMA GLOBAL DE SAÚDE PÚBLICA, escrito por D.J.Gubler, em inglês. A tradução do capítulo é minha.)
Li um artigo onde o pesquisador, ao coletar sangue de um morcego e fazer sorologias identificando o vírus da dengue, questionou se os morcegos estão envolvidos na vetoração da dengue! Ora, o morcego está nas matas, se alimenta de sangue de macacos que, por sua vez, foram picados pelo Aedes aegypti, sendo infectados com o vírus da dengue. Podem ser considerados, no máximo, reservatórios da doença. Isto, até que um estudo conclusivo determine ou não tal fato.
Assim, ao perceber pesquisadores “andando em círculos” e obtendo conclusões equivocadas e sem lógica, não podemos nos espantar com os números de casos e óbitos que ocorrem a cada epidemia...
E o mais grave: acabam justificando o andar em círculos também de gestores da saúde. Com o que, não podemos nos conformar.
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