terça-feira, 2 de dezembro de 2008

EPIDEMIA DE DENGUE: O RISCO QUE A POPULAÇÃO CORRE

“Casos de dengue cai 91,35% em 2 anos em Rondonópolis”, é o título da notícia onde a secretária municipal de saúde declara que é devido ao trabalho de prevenção realizado...
Mas a secretária está enganada: a cada 04 anos ocorrem epidemias e, nesse período ou em tais intervalos, surgem sempre novos casos em menor número.
Rondonópolis sofreu epidemias em 1985/86, 1989/90, 1993/94, 1997/98, 2001/2002, 2005/2006, sempre com muitos casos ocorrendo e um elevado número de subnotificações, devido às dificuldades que a pessoa infectada tem para receber atendimento médico e à falta de sorologias e isolamento viral.
Por que a DENGUE apresenta 2 datas a cada epidemia? O início das chuvas acontece, por exemplo, no final de 2001 e com elas os primeiros casos da doença entram 2002 com números crescentes de casos.
Assim, declarações de pessoas que desconhecem o ciclo epidêmico da dengue podem gerar informações errôneas, só aumentando o caos provocado pela doença.
Durante o ano de 2008, ocorreram vários casos de dengue (surtos isolados), mas esses números não representam a ocorrência de epidemia. Já o prognóstico para 2009 se apresenta diferente: corremos o sério risco de epidemia, sim! Epidemia esta envolvendo 2009 e 2010.
O enfoque dado ao combate do mosquito deve sofrer uma imediata reformulação ou teremos uma epidemia de grandes proporções!
Lamentavelmente meus alertas não são ouvidos... E a cada surto epidêmico centenas de pessoas são infectadas ou reinfectadas, apresentando um quadro mais grave, com princípios hemorrágicos evoluindo muitas vezes para a Dengue Hemorrágica, Dengue Visceral ou Síndrome de Choque por Dengue.
O uso de inseticidas errados não elimina o inseto que prolifera livremente se reproduzindo em milhares de novos mosquitos e milhões de ovos depositados nos mais diferentes criadouros existentes em vários locais.
Estive no Rio Grande do Sul, onde fiz um alerta: o mosquito já está por lá, em algumas cidades. “Surto de FEBRE AMARELA mata macacos no Rio Grande do Sul e preocupa as autoridades locais da saúde gaúcha” diz a notícia de capa do jornal Correio do Povo, do dia 26/11/2008.
Ora, Febre Amarela, Dengue, Urucubaca, Febre Quebra Ossos etc., são alguns dos nomes que esta patologia recebeu ao longo dos anos. O mosquito é o Aedes aegypti, o vírus é o mesmo, a patologia sofre alterações em função das reações do sistema imunológico que ataca agressivamente o vírus invasor, podendo se voltar contra as células do indivíduo se este já tiver sofrido dengue anteriormente.
Infelizmente, mais inteligente do que muitos que se dizem especialistas, o mosquito vem dominando cidade por cidade, estado por estado. Assim como conta a história de sua vinda nos porões dos navios negreiros oriundos da África, ele continua viajando de um local para outro, seja de navio, de avião ou de ônibus.
Se observarmos atentamente dentro de um ônibus, toparemos com alguns mosquitos. Ocorre que, durante a limpeza entre uma viagem e outra, fêmeas do Aedes aegypti costumam esconder-se a espera dos passageiros, sua fonte de alimentação e é neste momento que muitas pessoas são infectadas.
Muitas dessas fêmeas saem do veiculo, em pontos de parada, em busca de local para depositar seus ovos. Seu ciclo de vida é rápido: entre 10 a 12 dias o mosquito nasce, alimenta-se e já procura um local para depositar seus ovos e, novamente em 10 ou 12 dias, mais de uma centena de mosquitos eclodem e saem sugando sangue e espalhando vírus.
Praticamente todos os estados brasileiros estão sob risco de epidemias. O Rio de Janeiro apresenta uma característica própria: epidemias ocorrem todos os anos, sempre infectando novas pessoas ou reinfectando quem já sofreu dengue nos últimos 04 anos.
As providências necessitam apenas de boa vontade, seguindo orientações corretas. É assim simples acabar com o mosquito e com tal patologia; o difícil está sendo gestores colocados no setor entenderem isto.

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