segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

VETORES PATOGÊNICOS

Não espere ações, tome atitudes!


Sob o título “À ESPERA DE AÇÕES INTERSETORIAIS” o médico dermatologista, doutor em Medicina Tropical, secretário de Vigilância em Saúde, Gerson Oliveira Penna, lembra “que os métodos tradicionalmente empregados no combate a doenças transmitidas por vetores, quase sempre centradas no combate químico, têm limitada participação da comunidade e poucas ações intersetoriais”...
Ora, caro secretário, parte do grande equívoco reside aí. A comunidade participa ativamente, sim: ela dá o sangue e, muitas vezes, a própria vida!
Isso enquanto espera que os gestores da saúde, que deveriam coordenar e desencadear ações corretas e concretas para a eliminação do mosquito vetor, realmente ajam sem querer transferir a própria responsabilidade à comunidade!
As ações até agora vêm sendo equivocadas, e continuam assim.
O uso de inseticida piretróide, além de extremamente tóxico, não é indicado a mosquito, mesmo que os fabricantes coloquem no rótulo “mata o mosquito da dengue”, ele é próprio para baratas, carrapatos e moscas, volto a repetir.
Torna-se necessário ressuscitar o velho fumacê, o UBV, utilizado eficientemente há 20 anos.
Costumo perguntar a pessoas mais velhas e sempre ouço a declaração de “que naquele tempo não tinha tantos mosquitos”, sejam eles vetores da dengue, o Aedes, sejam pernilongos, envolvidos na vetoração da elefantíase, flebótomos transmitindo Leishmaniose, barbeiros e outros insetos patogênicos ao homem e aos animais.
A epidemia ocorrida em 2002 foi terrível. Estava no Rio de Janeiro e o que via era mosquitos em todos os lugares, hospitais, cemitério; no campus, havia milhares de mosquitos!
O pior é que as epidemias se repetem, atingem seu ápice, sem uma mudança comportamental das autoridades. Muitas pessoas passam a 3ª dengue, outras, a segunda e muitíssimas a 1ª dengue, sem que ocorra uma investigação correta, porque se assim fosse, seria levantado que muitas pessoas afetadas são crianças, boa parte delas ainda no útero materno, se transformando em potenciais vítimas da doença na tenra idade.
Muitas crianças a partir dos 04 anos, em 2002, já estariam tendo sua 2ª dengue e, esta, sempre é mais agressiva, devido ao registro da presença de anticorpos de uma infecção anterior. Outras estariam tendo a dengue pela primeira vez, assim como ocorre com os adultos, que passam muito mal na primeira infecção, se recuperando lentamente, isto, se não houver complicações pelo uso de medicação que altere a coagulação sanguínea, remédios, que cardiopatas necessitem fazer uso, por exemplo.
Culpar a população tem sido o usual dos maus gestores que, transferindo responsabilidades, tentam se eximir pela falta de ações, pelo caos desencadeado a cada epidemia, potencializando cada vez mais o descrédito para com o setor público.
Culpar o aumento populacional, falta de saneamento adequado, habitações precárias, dificuldades de acesso para o agente de saúde E NADA FAZER, torna evidente o porquê do aumento de casos a cada ano, onde epidemias se intercalam.
Ah! E declarar redução percentual “devido às ações realizadas” é um grande, um enorme equívoco, enquanto não se fizer o que tem de ser feito, que é matar o mosquito.
Temos de ir pras ruas exigir reais medidas saneadoras das nossas autoridades, batendo de frente com aquelas que gostam de transferir suas inaptidões ao nosso silêncio e a nossa falta de atitudes.

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