segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

VETORES E CONTROVÉRSIAS



A DENGUE,
A LEISHMANIOSE
E AS AVESTRUZES....

Calma, calma! A avestruz não transmite nem dengue nem leishmaniose! Ela aparece aqui para demonstrar o comportamento equivocado de quem está (ou esteve) frente à coordenação e, de forma inconseqüente, se comporta como a avestruz, mantendo “enterrada a cabeça” num buraco e achando, que, assim, o problema fica solucionado!
“Aqui não tem Dengue”, só virose; “a culpa é da população” e outras desculpas vergonhosas, que costumamos ouvir...
Ah, e cães não transmitem Leishmaniose, eles são chamados reservatórios, após a contaminação e são, como já escrevi anteriormente, vítimas assim como nós, do mosquito, da incompetência e do descaso desses maus gestores escalados para o setor e de quem os escalam....
Se as ações de combate/controle dos vetores estão equivocadas (e esta é uma das explicações para o aumento de epidemias), é necessário rever, rediscutir, alterar os procedimentos. Para isto se faz necessário uma boa dose de coragem no enfrentamento de resistências enraizadas e de interesses diversos.
Gestores, técnicos e, especialmente alunos das variadas áreas, inclusive da saúde (medicina, agronomia, veterinária, biologia, etc.) deveriam ter como princípio a leitura. Bons autores podem mostrar com clareza o ‘caminho das pedras’, desvendando os persistentes mistérios de recursos e mais recursos empregados sem resultado positivo nenhum. Os livros de Gubler, Halstead, são em inglês, o que pode dificultar um pouco, mas por que não começar o exercício fazendo a tradução? Afinal, cargo público deve ser ocupado por gente que demonstre interesse em saber!



E temos nossos autores brasileiros, com excelentes obras relacionadas à virologia, parasitologia, infectologia, entomologia.
Ler e questionar!
Quando o curso solicita algum trabalho de pesquisa parece que muitos estudantes usam o método “control C” e “control V”, isto é: copia e cola.
Não! Não tenho nada contra esta ferramenta do sistema, é ótima... Mas quem tem certo grau de preguiça, na hora de realizar um trabalho usa única e exclusivamente esta ferramenta! E isto, sim, é negativo... Se não ler não aprende; não assimila, absorve apenas. E quem não sabe não questiona, ‘engole tudo’ como certo e não é assim que funciona!

POR QUE A DENGUE SÓ AUMENTA?
Uso de inseticida errados; metodologia incorreta; funcionários sem capacitação. Pensar que criar um dia “D”, fazer circo, teatro, show, vestir-se de mosquito, muito panfleto inútil e dispendioso, sem resolver o problema, é perda de tempo e de dinheiro. E dinheiro do contribuinte!
“Infestação por dengue é mascarada”, diz Leda Regis, pesquisadora, “pois os agentes de saúde visitavam as casas para procurar visualmente as larvas do mosquito e esse porcentual não chegava a 5% em Ipojuca e a 12% em Santa Cruz do Capibaribe.” Muitos deles desconhecem ou não sabem identificar nem larvas nem pupas ou o próprio mosquito, explica ela depois de algum acompanhamento.
Hoje pela manhã, 17.01, enquanto aguardava o conserto dum pneu, numa borracharia, no centro, dei uma olhada geral, “com olhos de quem quer ver”. Pois bem, na borracharia não encontrei criadouros, apesar da utilização de uma grande caixa d’água para verificar furos em pneus.
Mas, ao lado...
Na parte de trás de uma oficina de confecção de placas e faixas de publicidade, o quadro era assustador! Grandes e pequenas embalagens jogadas, cheias de água da chuva que caiu no dia anterior estavam ali, num verdadeiro paraíso para os mosquitos! E alguém revisou isso? Não!
EDUCAÇÃO AMBIENTAL É IMPORTANTE, SIM
Mas não é tudo.
Se os vetores ainda não estivessem instalados em nosso país, só educação ambiental resolveria, mas este não é o caso. Fazem-se necessárias providências urgentes para a eliminação dos insetos.
Em meu artigo UM GRANDE ERRO DE AVALIAÇÃO, cito palavras do Dr. Helder, que diz de sua profunda tristeza por ver o país “se confrontando com casos de dengue e infestação pelo vetor, imbatível, desde aquela época! Surpreendeu-me que por aqui se estivesse valorizando tanto a busca de criadouros e se combatesse de forma tão débil o vetor adulto... Ao longo de mais de uma década tenho observado esse paradoxo e as manchetes sobre a dengue falam por si.”
Ele fala também, sobre seu trabalho realizado na Amazônia, garantindo a saúde dos trabalhadores do campo de petróleo do Rio Urucu, em plena Floresta Amazônica, com milhares de criadouros propiciados pelas mudanças anuais de cursos dos rios e uma imensidão de árvores gigantescas, que podem abrigar centenas de poças d’água. Ele recrutou e treinou o pessoal em convênio com a extinta SUCAN.
Qual a fórmula que Dr. Hélder utilizou? Fez uso do UBV, o velho “fumacê” e, conforme suas palavras “com pleno sucesso nas estradas e nos acampamentos em terra batida do Urucu, nos finais de tardes, mornas e úmidas, permitindo que milhares ali trabalhassem e vivessem sem qualquer episódio de contaminação”! (Batalha Perdida- O GLOBO do dia 04/02/2008).
O comentário de Paulo Cesar Silva, Sanitarista do Ministério da Saúde, é também muito claro: “É impressionante como em situações de crise, como em uma epidemia de dengue, por exemplo, especialistas de uma área se atrevem a dar opiniões sobre coisas que não dominam. A questão da ineficiência do "fumacê" é uma delas”.
“Poucos, a não ser especialistas da área de controle de vetores sabem o contexto. Uma epidemia (seja ela de malária ou de dengue, SÓ SE INTERROMPE COM INSETICIDAS DE AÇÃO ESPACIAL! “ A dengue é uma doença que, se o gestor municipal, fizer o dever de casa (atividades de rotina, como mobilização da população e visitas casa-a-casa com cobertura de qualidade e regularidade), consegue-se o controle com o mínimo uso de inseticidas”.
Fica bastante claro que ao longo destes últimos anos, erros e mais erros foram cometidos e o resultado ai está: o vetor se espalhou pelo país todo, com exceção ao RS que apresenta casos de dengue em que as pessoas estiveram em cidades/estados onde o vetor e a patologias estão presentes.
E Paulo Cesar conclui: “A epidemia de dengue em Fortaleza, este ano, foi controlada graças ao uso do Malathion em
Aplicações a UBV.
Por favor, deixem de prestar um desserviço à saúde pública! Estamos convivendo com uma situação grave, principalmente pelo acometimento de crianças. Se não querem ajudar, pelo menos não atrapalhem. Esse pessoal devia pelo menos consultar o MS - temos 100 anos de experiência em controle de vetores - O Brasil foi e é referencia técnica mundial nesta área, hoje podemos festejar a interrupção da doença de Chagas pelo barbeiro, graças ao uso racional de inseticidas de ação residual”.
Com a ameaça de uma epidemia envolvendo 2009 e 2010 torna-se imperativo a revisão urgente das ações, ensejando as modificações que se fazem necessárias!

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