sexta-feira, 1 de maio de 2009

DENGUE HEMORRÁGICA E A SÍNDROME DE CHOQUE POR DENGUE

Acompanhando diariamente as notícias sobre o assunto, hoje, 1º.05.09, assisti a notícia de outra pequena vítima, uma linda menininha de 2 aninhos, em Tangará da Serra, MT, que morreu por complicações desencadeadas pela Dengue Hemorrágica.
Em alguns casos a Dengue evolui para a forma hemorrágica aparentemente apenas pela forte reação dos anticorpos combatendo o antígeno invasor. Em outros, pelo uso INDEVIDO de medicamentos, que desencadeiam pequenos ou importantes focos hemorrágicos.
Lamentavelmente falta um controle na propaganda de medicamentos, pois ao assistirmos comerciais de alguns deles, dois detalhes chamam a atenção: “Ao persistirem os sintomas consulte um médico”... Como assim? A ordem não seria consultar um médico e depois usar o medicamento?
E tem certos medicamentos anunciados que, no final do anúncio diz, de forma estranha e muito rápida “este medicamento é contra indicado em caso de suspeita de dengue”. Difícil até de entender se não prestar muita atenção!
PARA ENTENDER A DOENÇA
A Dengue Hemorrágica se caracteriza por pequenos ou graves sangramentos internos ou externos. Derrames cavitários (sangramentos internos) sempre são importantes e devem ter acompanhamento médico. A evolução para o quadro de choque, é devido a importantes alterações da permeabilidade capilar e grande extravasamento de plasma, que atingem órgãos como o fígado, pulmão, coração, rins e que podem trazer complicações neurológicas da dengue. A infecção do Sistema Nervoso Central (SNC) pela dengue requer o conhecimento das três hipóteses de infecção viral sistêmica: a teoria da infecção seqüencial, desenvolvida por Halstead.2 Isto costuma ocorrer quase que exclusivamente em pacientes com experiência anterior, sugerindo fisiopatologia associada a hiper-resposta imune mediada por anticorpos. 1
Os dados descritos acima mostram claramente que, devido a uma infecção pelo vírus da dengue, poderá haver uma evolução envolvendo qualquer um daqueles órgãos. Lamentavelmente há (e como há!) pessoas coordenando importantes setores da Saúde Pública que, sem melhores conhecimentos, na mídia explicam “que realmente o paciente estava com dengue, mas foi a óbito devido a complicações pulmonares (ou neurológicas, renais, cardíacas etc.)” desviando assim o foco do que realmente provocou o óbito: A Dengue.
Dentre os distúrbios pós-dengue, são relatados epilepsia, tremores, amnésia, demência, psicose maníaca, paralisia de Bell, envolvimento de laringe, paralisia de extremidades inferiores, de palato, de nervo ulnar, de nervo torácico longo, de nervo peroneal, síndrome de Reye, síndrome de Guillain-Barré, meningoencefalomielite e mononeuropatias. 2

Seria muito bom que mais médicos buscassem especialização na área de doenças tropicais, pelas complexidades advindas dessa patologia e, com o retorno de outras patologias tropicais, o conhecimento sobre o assunto é importante.


1- Dengue: manifestações cardíacas e implicações na terapêutica antitrombótica
2- Neurological manifestations of dengue: study of 41 cases

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