PONTO DE VISTA Sérgio Bocalini
Cada vez mais se observa o aumento de doenças ocasionadas por microrganismos transportados por diversos animais considerados como vetores e pragas urbanas.
Estas doenças apresentam impacto de grande importância em saúde pública, acometendo diversas pessoas que, em determinadas situações, podem vir até a óbito.
Grandes investimentos são feitos por parte do poder público na tentativa, muitas vezes frustradas, de conter o aparecimento de doenças como a Dengue, Leptospirose, Leishmaniose entre outras, que estão associadas diretamente a presença de determinados animais.
Muito se tem discutido para encontrar os caminhos para a diminuição dos números alarmantes de pessoas que acabaram contraindo doenças originadas por vetores, porém diversos entraves vão surgindo pelo caminho, o que acaba dificultando e até impossibilitando o efetivo controle tanto das doenças quanto das pragas que as transmitem.
Grandes quantidades de recursos são disponibilizadas pelo governo, porém a forma como ele é empregado acaba não trazendo os resultados esperados. E o que era um problema solucionável com a prevenção se torna um problema médico, com desperdício de milhões de reais e, o que é pior, com a perda de muitas vidas.
O poder público, através de suas instituições focadas no controle desta fauna nociva, tem papel de extrema importância, porém o que se observa na prática é que nem sempre o resultado alcançado é o desejado, em função de uma série de fatores que vai desde a destinação inadequada de recursos, até a falta de uma gestão administrativa e fiscalização competente e adequada.
O setor privado, através das empresas especializadas no controle de vetores e pragas, pode ser de grande importância na colaboração para a redução do número de casos de doenças e mortes. O setor privado tem competência e eficiência para trabalhar conjuntamente com o setor público, cujo papel deve ser de fiscalização.
Os institutos de pesquisa e as universidades também possuem grande relevância no contexto de desenvolvimento de metodologias efetivas, bem como o estudo de produtos que tenham efeito direto sobre as pragas, porém sem comprometer a saúde das pessoas e do meio ambiente.
Entre os diversos profissionais alocados para trabalhar nesta atividade, o Biólogo possui papel extremamente importante, em função da sua formação acadêmica, que acaba muitas vezes por facilitar o entendimento e a importância do tema e a busca de ações que visam o controle efetivo das pragas.
A participação do Biólogo no setor de controle de vetores e pragas, tanto em instituições públicas quanto privadas tem aumentado de maneira expressiva, o que acaba contribuindo diretamente na melhoria dos serviços prestados.
O Biólogo tem colaborado de forma decisiva nos estudos e aplicação do manejo integrado de pragas, que passa a ser peça fundamental na busca de soluções efetivas para mitigar a ação dos diversos espécimes considerados como vetores ou pragas, porém com foco nos cuidados referentes a saúde das pessoas e animais, bem como do meio ambiente.
A evolução desta metodologia levou ao aprimoramento de diversas formas de controle a serem utilizadas, baseadas em ferramentas físicas, mecânicas, biológicas, químicas e educacionais.
Atualmente o manejo integrado de pragas passa a fazer parte do cotidiano das atividades desenvolvidas pelas empresas especializadas, bem como de instituições públicas e se faz presentes em portarias e resoluções destinadas a regulamentar a atividade.
O desenvolvimento de políticas públicas sérias focadas em buscar soluções para os problemas sanitários e ambientais que contribuem para aumentar o número de indivíduos acometidos por doenças, fazendo aumentar o custo saúde no Brasil, é imprescindível. Porém, isto somente irá
acontecer quando profissionais e a população de forma geral se conscientizarem de que a participação na vida política do país é necessária para evitarmos situações como as que vivemos hoje.
Os mais diversos setores da sociedade estão carentes de indivíduos politicamente conscientes e que venham a participar de forma ativa na busca de soluções para uma vida digna e com foco na sustentabilidade.
Doenças como Dengue, Leptospirose, Leishmaniose entre outras não matam, o que mata é a falta de um bom diagnóstico, de tratamento adequado, mas principalmente, a falta de um controle efetivo do vetor. Este é o início do problema.
Artigo de Sérgio Bocalini - Biólogo – CRBio 23668/01-D
Vice-presidente executivo – APRAG (Associação dos Controladores de Pragas Urbanas)
Gestor executivo – FEPRAG (Federação das Associações dos Controladores de Vetores e Pragas Sinantrópicas)
Este artigo foi publicado na edição nº 15 da revista O Biólogo- CRBIO- 1ª Região
Nenhum comentário:
Postar um comentário